quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Tô tão só, Zézim. Tão eu-eu-comigo, porque o meu eu com a família é meio de raspão.
até o príncipe que um dia não veio mais. Não, não foi um dia que ele não veio mais, foram muitos dias, em muitos dias ele não veio mais.
Encosto a cabeça no banco, apanho um cigarro e trago longamente. Eis depois que solto a fumaça de um jeito que não sei se é sopro ou suspiro.
Ai, a necessidade que tinha de doer em alguém, como se já estivesse exausta de tanto ser grande e boa.
Quando se curvava assim, o cabelo caindo no rosto, assumia um ar humilde de coisa grande que se curva.
Ela era toda grande, de mãos e pés e olhos, mas um grande que não se impunha, não feria. Um grande que pousava como quem já vai embora.
O espelho refletia um rosto amassado de pessoa em estado de desordem interna e externa.
Dezoito anos e um metro e oitenta de solidão


Não quero sugar todo seu leite
Nem quero você enfeite do meu ser
Apenas te peço que respeite
O meu louco querer
Não importa com quem você se deite
Que você se deleite seja com quem for
Apenas te peço que aceite
O meu estranho amor
Ah! Mainha deixa o ciúme chegar
Deixa o ciúme passar e sigamos juntos
Ah! Neguinha deixa eu gostar de você
Prá lá do meu coração não me diga
Nunca não
Teu corpo combina com meu jeito
Nós dois fomos feitos muito pra nos dois
Não valem dramáticos efeitos
Mas o que está depois
Não vamos fuçar nossos defeitos
Cravar sobre o peito as unhas do rancor
Lutemos mas só pelo direito
Ao nosso estranho amor

Um dia ainda terei os olhos de Capitu...


Olhos de ressaca oblíqua e dissimulada que Machado de Assis tanto descreve em Dom. Quero aquele ar de menina e um romance capaz de abdicar de tudo. Quero juramento no poço e aquele beijo tão esperado por mim em todas aquelas páginas. Parecia que eu estava dentro do romance sendo tomada por todas aquelas sensações de amor, dúvida e espera.



(D.S)
Meu coração é um sapo rajado, viscoso e cansado, à espera do beijo prometido capaz de transformá-lo em príncipe.

Meu coração é um álbum de retratos tão antigos que suas faces mal se adivinham. Roídas de traça, amareladas de tempo, faces desfeitas, imóveis, cristalizadas em poses rígidas para o fotógrafo invisível. Este apertava os olhos quando sorria. Aquela tinha um jeito peculiar de inclinar a cabeça. Eu viro as folhas, o pó resta nos dedos, o vento sopra.

Meu coração é um mendigo mais faminto da rua mais miserável.Meu coração é um ideograma desenhado a tinta lavável em papel de seda onde caiu uma gota d’água. Olhado assim, de cima, pode ser Wu Wang, a Inocência. Mas tão manchado que talvez seja Ming I, o Obscurecimento da Luz. Ou qualquer um, ou qualquer outro: indecifrável.

Meu coração não tem forma, apenas som. Um noturno de Chopin (será o número 5?) em que Jim Morrison colocou uma letra falando em morte, desejo e desamparo, gravado por uma banda punk. Couro negro, prego e piano.

Meu coração é um bordel gótico em cujos quartos prostituem-se ninfetas decaídas, cafetões sensuais, deusas lésbicas, anões tarados, michês baratos, centauros gays e virgens loucas de todos os sexos.

Meu coração é um traço seco. Vertical, pós-moderno, coloridíssimo de neon, gravado em fundo preto. Puro artifício, definitivo.

Meu coração é um entardecer de verão, numa cidadezinha à beira-mar. A brisa sopra, saiu a primeira estrela. Há moças na janela, rapazes pela praça, tules violetas sobre os montes onde o sol se p6os. A lua cheia brotou do mar. Os apaixonados suspiram. E se apaixonam ainda mais.

Meu coração é um anjo de pedra de asa quebrada.

Meu coração é um bar de uma única mesa, debruçado sobre a qual um único bêbado bebe um único copo de bourbon, contemplado por um único garçom. Ao fundo, Tom Waits geme um único verso arranhado. Rouco, louco.Meu coração é um sorvete colorido de todas as cores, é saboroso de todos os sabores. Quem dele provar, será feliz para sempre.

Meu coração é uma sala inglesa com paredes cobertas por papel de florzinhas miúdas. Lareira acesa, poltronas fundas, macias, quadros com gramados verdes e casas pacíficas cobertas de hera. Sobre a renda branca da toalha de mesa, o chá repousa em porcelana da China. No livro aberto ao lado, alguém sublinhou um verso de Sylvia Plath: "Im too pure for you or anyone". Não há ninguém nessa sala de janelas fechadas.

Meu coração é um filme noir projetado num cinema de quinta categoria. A platéia joga pipoca na tela e vaia a história cheia de clichês.

Meu coração é um deserto nuclear varrido por ventos radiativos.

Meu coração é um cálice de cristal puríssimo transbordante de licor de strega. Flambado, dourado. Pode-se ter visões, anunciações, pressentimentos, ver rostos e paisagens dançando nessa chama azul de ouro.

Meu coração é o laboratório de um cientista louco varrido, criando sem parar Frankensteins monstruosos que sempre acabam destruindo tudo.

Meu coração é uma planta carnívora morta de fome. Meu coração é uma velha carpideira portuguesa, coberta de preto, cantando um fado lento e cheia de gemidos - ai de mim! ai, ai de mim!

Meu coração é um poço de mel, no centro de um jardim encantado, alimentando beija-flores que, depois de prová-lo, transformam-se magicamente em cavalos brancos alados que voam para longe, em direção à estrela Veja. Levam junto quem me ama, me levam junto também.Faquir involuntário, cascata de champanha, púrpura rosa do Cairo, sapato de sola furada, verso de Mário Quintana, vitrina vazia, navalha afiada, figo maduro, papel crepom, cão uivando pra lua, ruína, simulacro, varinha de incenso.

Acesa, aceso - vasto, vivo: meu coração é teu.

" E assim, aos poucos, ela se esquece dos socos, pontapés, golpes baixos que a vida lhe deu, lhe dará. A moça - que não era Capitu, mas também tem olhos de ressaca - levanta e segue em frente. Não por ser forte, e sim pelo contrário...por saber que é fraca o bastante para não conseguir ter ódio no seu coração, na sua alma, na sua essência.


E ama, sabendo que vai chorar muitas vezes ainda. Afinal, foi chorando que ela, você e todos os outros, vieram ao mundo."

'Agora nós vamos viver juntos e ser felizes para sempre. Vamos ter girassóis no terraço, passarinhos na varanda, almofadas macias, vinhos e queijos todas as noites.'
"Abrindo um antigo caderno foi que eu descobri:

Antigamente eu era eterno."

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010




Ah, se já perdemos a noção da hora

Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir



Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir


Se nós, nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir


Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu


Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu


Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios inda estão nas minhas mãos

Me explica com que cara eu vou sair
Não, acho que estás se fazendo de tonta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir.

Eu te amo- Chico Buarque e Tom Jobim



"Sou dramática, intensa, transitória e tenho uma alegria em mim que quase me deixa exausta. Eu sei sorrir com os olhos e gargalhar com o corpo todo. Eu sei chorar toda encolhida abraçando as pernas. Por isso, não me venha com meios-termos, com mais ou menos ou qualquer coisa. Venha a mim com corpo, alma, vísceras, e falta de ar."




Clarice Lispector






;D
"Não sou para todos. Gosto muito do meu mundinho. Ele é cheio de surpresas, palavras soltas e cores misturadas. Às vezes tem um céu azul, outras tempestades. Lá dentro cabem sonhos de todos os tamanhos. Mas não cabe muita gente. Todas as pessoas que estão dentro dele não estão por acaso. São necessárias."






- Caio Fernando Abreu
"(...) rasguei meu coração e agora preciso costurá-lo. E calado agora, nada tenho para falar. O tempo ainda não chegou. Porém quando vier, espero que seja tempo de amar e não de odiar. Porque em guerra está o meu coração. Não me importo, pois creio em Deus que ainda vou trilhar o caminho da paz."

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

"Preciso dessa emoção que os antigos chamavam de amor, quando sexo não era morte e as pessoas não tinham medo disso que fazia a gente dissolver o próprio ego no ego do outro e misturar coxas e espíritos no fundo do outro-você, outro-espelho, outro-igual-sedento-de-não-solidão, bicho-carente, tigre e lótus. Preciso de você que eu tanto amo e nunca encontrei."




[In.: Ao som de Suzane Vega - O Estado de S. Paulo, Caderno 2, 29/07/87.]
Eu acredito é em suspiros,mãos massageando o peito
ofegante de saudades intermináveis,em alegrias explosivas,
em olhares faiscantes, em sorrisos com os olhos,em abraços
que trazem pra vida da gente.
Acredito em coisas sinceramente compartilhadas.
Em gente que fala tocando no outro de alguma forma,
no toque mesmo, na voz ou no conteúdo.
Eu acredito em profundidades.
E tenho medo de altura,mas não evito meus abismos:
são eles que me dão a dimensão do que sou...
(...) Ela deixou que a mão dele descesse até abaixo da cintura dela.
E numa batida mais forte da percussão,
num rodopio, girando juntos, ela pediu:
- Deixa eu cuidar de você.
Ele disse:
- Deixo. (...)

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

"Assim: deixa a vida te lavar a alma, antes, então a gente conversa. Deixa você passar dos trinta, trinta e cinco, ir chegando nos quarentae não casar e nem ter esses monstros que eles chamam de filhos,casa própria nem porra nenhuma. Acordar no meio da tarde, de ressaca, olhar sua cara arrebentada no espelho. Sozinho em casa, sozinho na cidade, sozinho no mundo. Vai doer tanto, menino. Ai como eu queria tanto agora ter uma alma portuguesa para te aconchegar ao meu seio e te poupar essas futuras dores dilaceradas.Como queria tanto saber poder te avisar: vai pelo caminho da esquerda, boy,que pelo da direita tem lobo mau e solidão medonha."
"Não roube os meu desejos mais secretos.

Deixe-os guardados e calmos no canto que os escondi.
Deixe os meus suspiros e arrependimentos em tranqüilidade aparente.
Não é a hora exata? Não somos exatos!
A exatidão me aborrece. A compreensão me deprime.
Sua solidão me enlouquece."
"...você me provoca,você me pertuba.

Joga água e sai correndo.
Atira a pedra e me acerta de raspão.
Me espia no escuro e mostra a língua.
Me xinga.Me atiça. Invade o meu sossego. Meu refúgio.
Pisa no meu ninho com os sapatos sujos. Na minha toca.
Sem saber o meu tamanho, até onde vai meu bote, você me provoca achando que não há perigo. Sem conhecer a força da minha mordida,o tamanho dos caninos.
Você me provoca sem esperar a picada.
Sem saber que ainda não inventaram antídoto pro meu tipo de veneno..."
Eu não sou fácil, não me vendo, não aceito migalhas, não gosto de metades. Sou um império do bem e do mal. Sou erótica, sou neurótica.
Sou boa, sou má.
Sou biscoito de polvilho, açúcar, sal, mousse de maracujá.
Só não sou um brinquedinho que alguém joga no canto do quarto
quando não quer mais brincar. Sou um pacote, uma mala.
Sou difícil de carregar.

"Estou me transformando aos poucos num ser humano meio viciado em solidão. E que só sabe escrever. Não sei mais falar, abraçar, dar beijos, dizer coisas aparentemente simples como "eu gosto de você". Gosto de mim. Acho que é o destino dos escritores. E tenho pensado que, mais do que qualquer outra coisa, sou um escritor. Uma pessoa que escreve sobre a vida – como quem olha de uma janela – mas não consegue vivê-la.


Amo vocês como quem escreve para uma ficção: sem conseguir dizer nem mostrar isso. O que sobra é o áspero do gesto, a secura da palavra. Por trás disso, há muito amor. Amor louco – todas as pessoas são loucas, inclusive nós; amor encabulado – nós, da fronteira com a Argentina, somos especialmente encabulados. Mas amor de verdade. Perdoem o silêncio, o sono, a rispidez, a solidão. Está ficando tarde, e eu tenho medo de ter desaprendido o jeito. É muito difícil ficar adulto."




Amo vocês, seu filho,

Caio



“São Paulo, 12 de agosto de 1987”
"Eu sei como é se sentir extremamente pequena e insignificante e como isso doi em lugares que você nem sabia que tinha em você. E não importa quantos cortes de cabelo você faça, quantas vezes vá a academia ou quantas garrafas você toma com suas amigas, você continua indo pra cama todas as noites… repassando todos os detalhes e se perguntando o que fez de errado ou como pôde ter entendido errado.. ou como por aquele momento pensou que era feliz."




Filme: O Amor não tira férias

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Hoje eu acordei sem ter quem amar, mas aí eu olhei no espelho e vi, pela primeira vez na vida, a única pessoa que pode realmente me fazer feliz.
"Mas a verdade é que ainda não quero me prender a nada, a nenhum lugar, a ninguém..."
Moro no segundo andar,mas nunca encontrei você na escada.



Preciso de alguém, e é tão urgente o que digo. Perdoem excessivas, obscenas carências, pieguices, subjetivismos, mas preciso tanto e tanto. Perdoem a bandeira desfraldada, mas é assim que as coisas são-estão dentro-fora de mim: secas. Tão só nesta hora tardia - eu, patético detrito pós-moderno com resquícios de Werther e farrapos de versos de Jim Morrison, Abaporu heavy-metal -, só sei falar dessas ausências que ressecam as palmas das mãos de carícias não dadas.


Preciso de alguém que tenha ouvidos para ouvir, porque são tantas histórias a contar. Que tenha boca para, porque são tantas histórias para ouvir, meu amor. E um grande silêncio desnecessário de palavras. Para ficar ao lado, cúmplice, dividindo o astral, o ritmo, a over, a libido, a percepção da terra, do ar, do fogo, da água, nesta saudável vontade insana de viver. Preciso de alguém que eu possa estender a mão devagar sobre a mesa para tocar a mão quente do outro lado e sentir uma resposta como - eu estou aqui, eu te toco também. Sou o bicho humano que habita a concha ao lado da conha que você habita, e da qual te salvo, meu amor, apenas porque te estendo a minha mão. (...)

Tenho urgência de ti, meu amor. Para me salvar da lama movediça de mim mesmo. Para me tocar, para me tocar e no toque me salvar. Preciso ter certeza que inventar nosso encontro sempre foi pura intuição, não mera loucura. Ah, imenso amor desconhecido. Para não morrer de sede, preciso de você agora, antes destas palavras todas cairem no abismo dos jornais não lidos ou jogados sem piedade no lixo. Do sonho, do engano, da possível treva e também da luz, do jogo, do embuste: preciso de você para dizer eu te amo outra e outra vez. Como se fosse possível, como se fosse verdade, como se fosse ontem e amanhã.


(Crônica publicada no “Estadão” Caderno 2 de 29/07/87)
"me concentro inteiro nas coisas que me contas, e assim calado, e assim submisso, te mastigo dentro de mim enquanto me apunhalas com lenta delicadeza deixando claro em cada promessa que jamais será cumprida, que nada devo esperar além dessa máscara colorida, que me queres assim porque é assim que és e unicamente assim é que me queres e me utilizas todos os dias, e nos usamos honestamente assim, eu digerindo faminto o que o teu corpo rejeita, bebendo teu mágico veneno porco que me ilumina e anoitece a cada dia, e passo a passo afundo nesse charco que não sei se é o grande conhecimento de nós ou o imenso engano de ti e de mim ( .... ) essas histórias tristes, essas histórias loucas como esta que acabaria aqui, agora, assim, se outra vez não viesses e me cegasses e me afogasses nesse mar aberto que nós sabemos que não acaba nem assim nem agora nem aqui."
“Não queria, desde o começo eu não quis. Desde que senti que ia cair e me quebrar inteiro na queda para depois restar incompleto, destruído talvez, as mãos desertas, o corpo lasso. Fugi. Eu não buscaria porque conhecia a queda, porque já caíra muitas vezes, e em cada vez restara mais morto, mais indefinido -e seria preciso reestruturar verdades, seria preciso ir construindo tudo aos poucos, eu temia que meus instrumentos se revelassem precários, e que nada eu pudesse fazer além de ceder. Mas no meio da fuga, você aconteceu. Foi você, não eu, quem buscou. Mas o dilaceramento foi só meu, como só meu foi o desespero. Que espécie de coisa o cigarro queimou, além dos cabelos? Sei que foi mais fundo, mais dentro, que nessa ignorada dimensão rompeu alguma coisa que estava em marcha. Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era seu."

In: O Inventário do Ir-Remediável.
"Penso, com mágoa, que o relacionamento da gente sempre foi unilateral..."
Andei amando loucamente, como há muito tempo não acontecia. De repente a coisa começou a desacontecer. Bebi, chorei, ouvi Maria Bethânia, fumei demais, tive insônia e excesso de sono, falta de apetite e apetite em excesso, vaguei pelas madrugadas, escrevi poemas. Agora está passando: um band-aid no coração, um sorriso nos lábios – e tudo bem. Ou: que se há de fazer
Somos inocentes em pensar, que sentimentos são coisas passíveis de serem controladas. Eles simplesmente vêm e vão, não batem na porta, não pedem

licença. Invadem, machucam, alegram (...)
"Não gosto quando a gente fica falando
assim no que não foi,
no que poderia ter sido.
God! Não aos sábados,
principalmente à noite.
Não hoje, por favor,
hoje não dá, eu tenho.
Eu tenho uma sensação meio de
amargura, de fracasso.
Você me entende?
Como se tivesse a obrigação de ter sido,
ou tentado ser outra pessoa."
fico quieto. Primeiro que paixão deve ser coisa discreta, calada, centrada. Se você começa a espalhar aos sete ventos, crau, dá errado. Isso porque ao contar a gente tem a tendência a, digamos, “embonitar” a coisa, e portanto distanciar-se dela, apaixonando-se mais pelo supor-se apaixonado do que pelo objeto da paixão propriamente dito. Sei que é complicado, mas contar falsifica, é isso que quero dizer.
Mas de tudo isso, me ficaram coisas tão boas. Uma lembrança boa de você, uma vontade de cuidar melhor de mim, de ser melhor para mim e para os outros. De não morrer, de não sufocar: de continuar sentindo encantamento por alguma outra pessoa que o futuro trará, porque sempre traz, e então não repetir nenhum comportamento. Ser novo.
-Você tem um cigarro?

-Estou tentando parar de fumar.
-Eu também. Mas queria uma coisa nas mãos agora.
-Você tem uma coisa nas mãos agora.
-Eu?
-Eu.
"sabe que o meu gostar por você chegou a ser amor
pois se eu me comovia vendo você pois se eu acordava
no meio da noite só pra ver você dormindo meu deus
como você me doía vezenquando eu vou ficar esperando
você numa tarde cinzenta de inverno bem no meio duma
praça então os meus braços não vão ser suficientes para
abraçar você e a minha voz vai querer dizer tanta coisa
que eu vou ficar calada um tempo enorme só olhando você
sem dizer nada só olhando olhando e pensando meu deus
ah meu deus como você me dói vezenquando"
Nos últimos dias, isto é, ontem, a tristeza começou a ceder terreno a uma espécie de - digamos - abnegação.Durmo, acordo, faço coisas, leio muito. E esse vazio que ninguém dá jeito? Você guarda no bolso, olha o céu, suspira, vai a um cinema, essas coisas. E tudo, e tudo, e tudo.

Caio F. de Abreu

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

"Afastarei você com o gesto mais duro que conseguir e direi duramente que seu amor não me toca nem me comove e que sua precisão de mim, não passa de fome..."



Caio F. Abreu
"Penso em você principalmente como a minha possibilidade de paz — a única que pintou até agora, “nesta minha vida de retinas fatigadas”. E te espero. E te curto todos os dias. E te gosto. Muito."






Caio F. Abreu
“Talvez tome mais um café, fume outro cigarro, qualquer coisa assim. Foi exatamente há um ano, na lua cheia de maio. Depois, nunca mais. Por onde você tem andado, baby?”



Caio F. Abreu
'...aí recebi tanto carinho que fui ficando até hoje'

Caio F. Abreu

sábado, 2 de janeiro de 2010


' Fui vivendo minha vida de maneira tão solitária, conquistando minhas coisas tão no braço, tão sempre sem nada, que aprendi a ter uma enorme admiração por mim mesmo.'






Caio F. Abreu
'Acho que estou me especializando em fazer inimizades. ... NÃO TENHO MAIS SACO PARA NINGUÉM. É grave? Tem cura? Um dia vou ter saco outra vez?







Caio F. de Abreu
É de mágica
Que eu dobro a vida em flor
Assim
E ao senhor de iludir
Manda avisar
Que esse daqui
Tem muito mais
Amor pra dar.






Marcelo Camelo
Eu quero um beijo de cinema americano
Fechar os olhos fugir do perigo
Matar bandido, prender ladrão
A minha vida vai virar novela
Eu quero amor, eu quero amar...

Los Hermanos
'...dizer a ele que voltariam as manhãs, ainda mais claras agora que estávamos juntos'


Caio F. Abreu
A inquietação que mais me afligi é essa não vontade de ninguém e de sentir que não preciso de alguém ao meu lado pra fazer feliz CARALHO!!! não preciso de ninguém! Eu preciso é de mim, de me fazer feliz. Não quero a preocupação de ligar no outro dia, de cuidar, amar. Não quero compromisso, relação estável, conhecer todos os amigos de infância, de cachaça, de trabalho, conhecer a família, mãe, pai, cachorro... Que saco, vamos ser mais práticos! Me deixa fugir quando quiser, me deixa desaparecer, e fuja também, deixa a saudade nos tomar, ai você volta pra que eu possa fugir de novo ou que eu perceba que a vontade de ficar e tentar é maior.
Faça com que seja necessária a sua presença ou desista logo.

(D.S)
' ...tento fugir para longe e a cada noite, como uma criança temendo pecados, punições de anjos vingadores com espadas flamejantes, prometo a mim mesmo nunca mais ouvir, nunca mais ter a ti tão mentirosamente próximo, e escapo brusco para que percebas que mal suporto a tua presença, veneno veneno ...'






Caio F. Abreu
"Nunca tinha sido tão intenso, nem tão bonito. Nunca tinha tido um jeito assim, tão forever."


 
Caio F. de Abreu
E dessa vez vou fazer diferente, vou colocar meu melhor jeans e ir ao seu encontro
sem receio, sem discurso pronto, simplesmente ao seu encontro, de cara lavada e um coração aflito batendo excessivamente por ti. Desesperado, Intacto, insano. Porque meu sentimento sempre foi o mesmo
e sinto que sempre será assim.
Amor? Paixão? Loucura? Dê o nome que quiser! minha vontade mesmo é estar ao seu lado, inteiramente.
Até que o pra sempre vire realidade.

(D.S)