quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

'Ilusão: um lugar de areia movediça pra alma


onde a gente pisa jurando que é jardim.'
'Alô? É da Rádio ? (...) queria oferecer (...) "Daria tudo pra você estar aqui", com Wanderley Cardoso. Tudo. Tudinho'

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

(é bobo eu sei, mas ando vivendo em bobagens mesmo...)

“-Eu te amo. –ela sorriu, tímida. -Você me ama?

-Não. -respondeu ele sorrindo - Todos os que amo vão embora. Eu não suportaria te ver partir.”
Tudo neles era recíproco - e o medo de se ferirem cresceu junto para explodir num silêncio súbito.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

"Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
A presença distante das estrelas!"



Mário Quintana

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Não é saudade, porque para mim a vida é dinâmica e nunca lamento o que se perdeu - mas é sem dúvida uma sensação muito clara de que a vida escorre talvez rápida demais e, a cada momento, tudo se perde.
Hoje eu saí de casa tão feliz,que nem me lembrei que em algumas horas a tristeza bate,me sacode e me faz sentir dores que eu não imaginava que continuavam ali.
Sinto-me terrivelmente vazio. Há pouco estive chorando, sem saber exatamente por quê. Ás vezes odeio esta vida, estas paredes, essas caminhadas de casa para a aula, da aula para casa, esses diálogos vazios, odeio até este diário, que não existiria se eu não me sentisse tão só. O que eu queria era alguém que me recolhesse como um menino desorientado numa noite de tempestade, me colocasse numa cama quente e fofa, me desse um chá de laranjeira e me contasse uma história. Uma história longa sobre um menino só e triste que achou, uma vez, durante uma noite de tempestade, alguém que cuidasse dele.
Menos pela cicatriz deixada, uma ferida antiga mede-se mais exatamente pela dor que provocou, e para sempre perdeu-se no momento em que cessou de doer, embora lateje louca nos dias de chuva.
Por tudo que há de mal no mundo, eu mereço o máximo do bom. Sem culpa
É no nosso encontro,cara a cara, olho a olho, que as coisas vão se definir.
Chega. Porque guardar roupa velha dentro da gaveta é como ocupar o coração com alguém que não lhe serve. Perca de espaço, tempo, paciência e sentimento. Tem tanta gente interessante por aí querendo entrar. Deixa. Deixa entrar: na vida, no coração, na cabeça.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

"Quem tem azar é azarado.
Quem tem sorte é Sortero."

terça-feira, 31 de agosto de 2010

“Entenda bem: não me veja tentando reatar uma história de amor já bastante espatifada (ou talvez sim, mas você não me deu chance e a coisa mais saudável que eu podia fazer era entrar noutra). Acontece que, com ou sem cama, gosto profundamente de você”




Caio Fernando Abreu in: Cartas
“Há alguns dias, Deus - ou isso que chamamos assim, tão descuidadamente, de Deus -, enviou-me certo presente ambíguo: uma possibilidade de amor. Ou disso que chamamos, também com descuido e alguma pressa, de amor. E você sabe a que me refiro. Antes que pudesse me assustar e, depois do susto, hesitar entre ir ou não ir, querer ou não querer - eu já estava lá dentro. E estar dentro daquilo era bom”



 Caio Fernando Abreu in: Pequenas Epifanias -

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

“Traga um agasalho para esquentar a minha falta de amor e ganhe em troca um ingresso para a minha fidelidade.”




Tati Bernardi.
“Você, que já foi tudo e mais um pouco, é agora um quase. Eu quase consigo te tratar como nada. Mas aí quase desisto de tudo, quase ignoro tudo, quase consigo, sem nenhuma ansiedade, terminar o dia tendo a certeza de que é só mais um dia com um restinho de quase e que um restinho de quase, uma hora, se Deus quiser, vira nada. Mas não vira nada nunca. Eu quase consegui te amar exatamente como você era, quase. E é justamente por eu nunca ter sido inteira pra você que meu fim de amor também não consegue ser inteiro. Eu quase não te amo mais, eu quase não te odeio, eu quase não morro com a sua presença. O problema é que todo o resto de mim que sobra, tirando o que quase sou, não sei quem é.”




Tati Bernardi.
“Que você acredite que não me deve nada simplesmente porque os amores mais puros não entendem dívida, nem mágoa, nem arrependimento. Então, que não se arrependa. Da gente. Do que fomos. De tudo o que vivemos. Que você me guarde na memória, mais do que nas fotos. Que termine com a sensação de ter me degustado por completo, mas como quem sai da mesa antes da sobremesa: com a impressão que poderia ter se fartado um pouco mais. E que, até o último dia da sua vida, você espalhe delicadamente a nossa história, para poucos ouvintes, como se ela tivesse sido a mais bela história de amor da sua vida. E que uma parte de você acredite que ela foi, de fato, a mais bela história de amor da sua vida.”




Tati Bernardi.
Mas o que não associo eu a ela? O que não a traz à minha memória? Se olho para estas lajes, vejo nelas gravadas as suas feições! Em cada nuvem, em cada árvore, na escuridão da noite, refletida de dia em cada objeto, por toda parte eu vejo a sua imagem! Nos rostos mais vulgares de homens e de mulheres, até as minhas feições me enganam com a semelhança. O mundo inteiro é uma terrível coleção de testemunhos de que um dia ela realmente existiu e a perdi para sempre…”




-Heathcliff (O Morro dos Ventos Uivantes).
Eu tenho saudade de quando ficava apaixonada e perdia a fome. Agora são duas coisas difíceis de acontecer, ainda mais ao mesmo tempo

domingo, 29 de agosto de 2010

"Tenho um amor fresco e com gosto de chuva e raios e urgências. Tenho um amor que me veio pronto, assim, água que caiu de repente, nuvem que não passa, me escorrem desejos pelo rosto pelo corpo. Um amor susto. Um amor raio trovão fazendo barulho. Me bagunça. E chove em mim todos os dias."
(Silêncio)






- Mas não seria natural.
- Natural é as pessoas se encontrarem e se perderem.
- Natural é encontrar. Natural é perder.
- Linhas paralelas se encontram no infinito.
- O infinito não acaba. O infinito é nunca.
- Ou sempre.





(Silêncio)
Não te tocar, não pedir um abraço, não pedir ajuda, não dizer que estou ferido, que quase morri, não dizer nada, fechar os olhos, ouvir o barulho do mar, fingindo dormir ,que tudo está bem, os hematomas no plexo solar, o coração rasgado, tudo bem.
Fico tão cansada às vezes,e digo para mim mesma que está errado,que não é assim, que não é este o tempo,que não é este o lugar,que não é esta a vida. {…} Claro,é preciso julgar a si próprio com o máximo de rigidez, mas não sei se você concorda, as coisas por natureza já são tão duras para mim que não me acho no direito de endurecê-las ainda mais.
Penso em você principalmente como a minha possibilidade de paz - a única que pintou até agora "nesta minha vida de retinas fatigadas".

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Engraçado, não gosto do meu quarto - das paredes, dos móveis -, mas gosto demais das coisas que posso ver pela janela. Das coisas que estão fora dele, porque o que está aqui dentro eu acho muito parecido comigo. E eu não gosto de mim.
"O culpado é o tempo. Ele nos transformou nisso que somos hoje, duas pessoas que não se falam mais com destinos oposto e sentimentos que foram doados por ai sem nenhuma reciprocidade. e o que há de se fazer? O tempo não volta o que passou passou é passado e não da mais pra re-construir, re-amar e apagar todos os nossos constantes erros e a incessante fome de ser feliz amontoada por todos os 'para sempre' que custava em não sair de nossas bocas inquietas.."
"Liberdade na vida é ter um amor para se prender".
(Carpinejar)
"Não há nada mais doloroso do que descobrir que a pessoa que você amou tanto tempo não existe, que foi coisa da sua cabeça, delírio. Afinal príncipe encantado só existe em conto de fada não é?"

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe...

domingo, 22 de agosto de 2010

“Eu tentei ser fria, mas você é tão quente que eu derreti.”
“Fico só querendo te dizer de como eu te esperava quando a gente marcava qualquer coisa, de como eu olhava o relógio e andava de lá pra cá sem pensar definidamente e nada, mas não, não é isso, eu ainda queria chegar mais perto daquilo que está lá no centro e que um dia destes eu descobri existindo, porque eu nem supunha que existisse, acho que foi o fato de você partir que me fez descobrir tantas coisas…”




- Caio Fernando Abreu.
“Mas é fato, ando com preguiça de interpretar o mundo, de entender as pessoas, de procurar os sete erros. Gostaria de ter todas as respostas na última pagina, de ter um manual de atitudes sensatas, te ter o pensamento voltado pra Meca. Queria que ouvesse um serviço de telessoluções entregues a domicílio em menos de meia hora. Que gorjeta boa eu daria.”




- Martha Medeiros.
“E uma compulsão horrível de quebrar imediatamente qualquer relação bonita que mal comece a acontecer. Destruir antes que cresça. Com requintes, com sofreguidão, com textos que me vêm prontos e faces que se sobrepõem às outras. Para que não me firam, minto. E tomo a providência cuidadosa de eu mesmo me ferir, sem prestar atenção se estou ferindo o outro também. Não queria fazer mal a você. Não queria que você chorasse. Não queria cobrar absolutamente nada. Por que o Zen de repente escapa e se transforma em Sem? Sem que se consiga controlar.”




- Caio Fernando Abreu.
O que eu aprendi sobre o amor, filho, é que ele é feito de faltas e presenças. E que nenhuma das duas pode faltar. Aprendi que o amor é feito de liberdade. É como ter, todos os dias, muitas outras opções. E ainda assim fazer a mesma livre escolha.




- Cristiana Guerra.
"O que virá depois? – pergunto então para a tarde suja atrás dos vidros, e me sinto reconfortado como se houvesse qualquer coisa feito um futuro à minha espera." (Caio F.)
Então me diz qual é a graça
De já saber o fim da estrada,
Quando se parte rumo ao nada?


Paulinho Moska.
Um dia desses, eu separo um tempinho e ponho em dia todos os choros que eu não tenho tido tempo de chorar.



Carlos Drummond de Andrade.
"Amar é sempre ser vulnerável. Ame qualquer coisa e certamente seu coração vai doer e talvez se partir. Se quiser ter a certeza de mantê-lo intacto, você não deve entregá-lo a ninguém, nem mesmo a um animal. Envolva-o cuidadosamente em seus hobbies e pequenos luxos, evite qualquer envolvimento, guarde o na segurança do esquife de seu egoísmo. Mas nesse esquife – seguro, sem movimento, sem ar - ele vai mudar. Ele não vai se partir – vai tornar se indestrutível, impenetrável, irredimível. A alternativa a uma tragédia ou pelo menos ao risco de uma tragédia é a condenação. O único lugar além do céu onde se pode estar perfeitamente a salvo de todos os riscos e pertubações do amor é o inferno."

- C.S. Lewis.

domingo, 18 de julho de 2010

Não gosto de perder as minhas coisas, você sabe. E hoje, cercada pela sua ausência, procuro o que procurar. Experimentando o desânimo da busca desiludida. Pois, se um amor como aquele acaba dessa maneira, vale a pena encontrar um outro? Será inteligente apostar tanto de novo?








Fernanda Young.

domingo, 4 de julho de 2010

Esta coisa terrível de não ter ninguém para ouvir o meu grito.
Esta coisa terrível de estar nesta ilha desde não sei quando.
No começo eu esperava, que viesse alguém, um dia.
Um avião, um navio, uma nave espacial.
Não veio nada, não veio ninguém.
Só este céu limpo, às vezes escuro, às vezes claro,
mas sempre limpo, uma limpeza que continua
além de qualquer coisa que esteja nele.
Talvez tudo já tenha terminado
e não exista ninguém mais para lá do mar mais longe que eu vejo...
Eu quero um colo, um berço, um braço quente em torno ao meu pescoço, uma voz que cante baixo e pareça querer me fazer chorar. Eu quero um calor no inverno, um extravio morno de minha consciência e depois sem som, um sonho calmo, um espaço enorme, como a lua rodando entre as estrelas…

sábado, 3 de julho de 2010

O tempo está tão frio e com ele vai todos os meus sentimentos ternos...
Eu sempre acho que cansei de ti, de mim, mas ai vem o amor e revigora.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Se quiser eu piro, e imagino ele de capa de gabardine, chapéu molhado, barba de dois dias, cigarro no canto da boca, bem noir. Mas isso é filme, ele não. Ele é de um jeito que ainda não sei, porque nem vi. Vai olhar direto para mim. Ele vai sentar na minha mesa, me olhar no olho, pegar na minha mão, encostar seu joelho quente na minha coxa fria e dizer: vem comigo.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Afinal, a afeição que nutro por você é um fato.
Algumas vezes eu fiz muito mal para pessoas que me amaram. Não é paranóia não. É verdade. Sou tão talvez neuroticamente individualista que, quando acontece de alguém parecer aos meus olhos uma ameaça a essa individualidade, fico imediatamente cheio de espinhos - e corto relacionamentos com a maior frieza, às vezes firo, sou agressivo e tal. É preciso acabar com esse medo de ser tocado lá no fundo. Ou é preciso que alguém me toque profundamente para acabar com isso.
Ele me desperta sentimentos i-na-cre-di-ta-vel-men-te ternos
é, saudade!
Gosto das tuas notícias e do teu feeling. Claro, claro que vem. O amor tá solto no ar de setembro (chega — wow! — amanhã) e já vimos tanta coisa e já sabemos de tantas outras que não vamos entregar a rapadura assim no mais, chê. Ando cheio de fé.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Um dia de monja, um dia de puta, um dia de Joplin, um dia de Tereza de Calcutá, um dia de merda.
Veja - eu não vou desistir de você. Mas também não vou te obrigar a ficar.
É fácil, basta você querer, eu ainda quero tanto.
E boa sorte pros que ainda tentam, vejo vocês no fundo do poço.
Toda mulher feliz e equilibrada deixa saudades. Mas eu não queria. Eu só queria amar alguém, com toda a tristeza e desequilíbrio que vem junto com isso, e continuar deixando saudades.
Quando dizem que namoro ou casamento ou qualquer relacionamento mais sério não pode dar certo, eu discordo. O que definitivamente não dá certo, ao menos para mim, é se apaixonar. Agora, que graça tem fazer qualquer coisa da vida sem estar apaixonada? Ô vidinha filha da puta.
Meu coração tá ferido de amar errado.
Meu coração tá ferido de amar errado.
sobretudo, não se angustie procurando-o: ele vem até você, quando você e ele estiverem prontos. cada um tem seus processos, você precisa entender os seus. de repente, isso que parece ser uma dificuldade enorme pode estar sendo simplesmente o processo...
E você, faz tempo que não está me dando chance de gostar de você
Desistir , ainda que não pareça, foi meu grande gesto de coragem...
Também sei que ele gosta de mim, só não sei se ele sabe o quanto eu gosto dele, o quanto eu me entreguei ao escuro, aos passos largos."
A gente sempre acha que é especial na vida de alguém, mas o que te garante que você não está somente servindo pra tapar buracos, servindo de curativo pras feridas antigas? Porque amar também é isso, não? Dar o seu melhor pra curar outra pessoa de todos os golpes..

Será?
não é afastando as pessoas que te amam - como eu, por exemplo - que você vai se sentir melhor. entenda que eu quero estar com você, do seu lado, sabendo o que acontece. de repente me passa pela cabeça que a minha presença ou a minha insistência pode talvez irritá-la. então, desculpa não insistirei mais. (...) eu queria dizer que eu estava com você, e a menos que você não me suporte mais, continuaria te procurando e querendo saber coisas. bobagens? pois é, se quiser ria como você costuma rir para se defender. não estou me defendendo de nada. estou perguntando a você se permite que eu tenha carinho por você. Mas estou aqui, continuo aqui não sei até quando, e quando e se você quiser, precisar dê um toque. te quero imensamente bem, fico pensando se dizendo assim, quem sabe, de repente você até acredita. acredite.

sábado, 19 de junho de 2010

baby vou te dar meu soneto de bilac
minha canção meu exílio
meu supercílio postiço
o meu ócio o meu vício
o meu santo crucifixo
baby vou te dar meu colar de madrepérola
o meu pé de acerola
rádio de pilha eletrola
carambola e mariola
roupa no varal calor
baby vou te ensinar
o meu passo de catira
minha moda de viola
baby vou te ofertar
roupa lavada comida
vida máscara de cera
baby deixa eu ser o teu lamartine babo
o teu sabonete phebo
serás o vinho que bebo
meu baião xote xaxado
meu maxixe meu quiabo
baby vou te dar minha zoeira meu batuque
minha esmola meu smoking
meu buquê meu songbook
o meu look woodstock
meu rock lóki meu roll
baby deixa eu ser o teu woody guthrie

baby vem cantar ouve o meu grito
pedra pó granito tempestade no deserto
(praga de maldito ziquizira de madrasta)
Às vezes me espanto e me pergunto como pudemos a tal ponto mergulhar naquilo que estava acontecendo,sem a menor tentativa de resistência.Não porque aquilo fosse terrível, ou porque nos marcasse profundamente ou nos dilacerasse - e talvez tenha sido terrível,sim,é possível,talvez tenha nos marcado profundamente ou nos dilacerado - a verdade é que ainda hesito em dar um nome àquilo que ficou, depois de tudo.Porque alguma coisa ficou.
(Essa é pra nanda)
Mas não se pode agir assim,a amiga avisou no telefone. Uma pessoa não é um doce que você enjoa,empurra o prato,não quero mais.Tentaria, então,com toda a delicadeza possível,sem decidir propriamente decidiu no meio da tarde — uma tarde morna demais,preguiçosa demais para conter esse verbo veemente: decidir.Como ia dizendo,no meio da tarde lenta demais,escolheu que — se viesse alguma sofreguidão na garganta,e veio — diria qualquer coisa como olha,tenho medo do normal,baby.
"Ando eliminando o que não me faz bem. Ando não fazendo questão de nada quando isto não é recíproco. Ando sendo eu mesmo, mais do que nunca."
Jamais teria sido guerreiro ou explorador de novas coisas ou um descobridor ou um cientista ou um astronauta: seu heroísmo residia na defesa, não no ataque...

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Duas pessoas são muitas coisas. O infinito é o outro.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Amar cansa,cansei.
Suspiro tanto quando penso em você, chorar só choro às vezes, e é tão freqüente. Caminho mais devagar, certo que na próxima esquina, quem sabe. Não tenho tido muito tempo ultimamente mas penso tanto em você que na hora de dormir vezenquando até sorrio e fico passando a ponta do meu dedo no lóbulo da sua orelha e repito repito em voz baixa te amo tanto dorme com os anjos. Mas depois sou eu quem dorme e sonha, sonho com os anjos. Nuvens, espaços azuis, pérolas no fundo do mar. Clack! como se fosse verdade, um beijo.
Achei você no meu jardim...

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Eu tava triste Tristinho! Mais sem graça que a top-model magrela na passarela
eu tava só sozinho!
Mais solitário que um paulistano que um vilão de filme mexicano
tava mais bobo que banda de rock

E um palhaço do circo Vostok...

terça-feira, 25 de maio de 2010

me diz o que é o sossego que eu te mostro alguém afim de te acompanhar
No fundo, há só uma verdade: me sinto só.

domingo, 23 de maio de 2010

o caminho é in.
Mas confuso, perdido, sozinho, minha única certeza é que de cada vez aumenta ainda mais minha necessidade de ti.Torna-se desesperada, urgente. Eu já não sei o que faço.Não sinto nenhuma alegria além de ti.Como pude cair assim nesse fundo poço? Quando foi que me desequilibrei? Não quero me afogar:Quero beber tua água.

Não te negues, minha sede é clara.
Ou poderíamos ser apenas o que somos,duas pessoas com uma ligação estranha,sutilezas e asperezas subentendidas,possibilidades de surpresas boas.Ou não.Difícil saber.Bato minhas asas em retirada.Tu dormes,e nos teus sonhos mais secretos,não posso entrar.Embora queira.
É esquisito, mas sempre orientei minha vida nesse sentido — o de não ter laços, o da independência, de poder cair fora na hora que quisesse.
Como é triste lembrar do bonito que algo ou alguém foram quando esse bonito começa a se deteriorar irremediavelmente
Eu me recriminava por estar sempre esperando que nada fosse como eu esperava, ainda que soubesse

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Volta, quis dizer, parado no meio da praça.
Mas agora, tantos anos depois, não saberia se teve mesmo vontade de chamar ali, ao meio-dia de uma tarde de Peixes, ou se repetiria depois baixinho, à noite, sozinho na cama, no mesmo quarto com o irmão mais velho, nessa noite ou em todas as outras depois dessa, à medida que o verão fosse indo embora e as noites todas se tornassem mais e mais frias, junho julho, agosto adentro, enrolado em cobertores, vida afora repetindo volta, Beatriz, volta que eu cuido de ti e dou um jeito qualquer de tu ficares boa e então nós podemos ir embora para a África ou Oceania ou Eurásia ou qualquer outro lugar onde tu possas ficar completamente boa do meu lado e para sempre, volta que eu te cuido e não te deixo morrer nunca. Não disse nada. Pisando lenta, olhando o sol, Beatriz foi embora para sempre dos doze anos de vida dele.
sem amor, só a loucura.
Não se pode ser infeliz, não se pode morrer em vida, não se pode desistir de amar, de criar. Não se pode: é pecado, é proibido (...) Não é possível adiar a vida."
Não me importo de esperar vinte minutos com a mão na maçaneta enquanto diz que já está pronta para trocar novamente de vestido. Não me importo de esperar dez minutos sozinho no saguão do cinema cumprimentando conhecidos e tentando segurar o refrigerante e os dois baldes de pipoca enquanto vai ao banheiro. Não me importo de esperar chegar em casa para que me diga quem é o amigo que a abraçou efusivamente na festa. Não me importo de esperar três horas na salinha do hospital para saber se a nossa criança nasceu. Não me importo de esperar as longas conversas de sua mãe sobre o meu temperamento. Não me importo de esperar seu corte de cabelo, que sempre envolve pintura, hidratação e escova. Não me importo de esperar a aprovação de suas amigas. Não me importo de esperar nossos filhos regressarem das baladas para me enfurnar em seu cheiro. Não me importo de esperar que tranque as portas antes de tirar o salto. Não me importo de esperar que volte das lojas com as sacolas dentro das outras sacolas para parecer que gastou menos. Não me importo de esperar que faça as pazes com Deus. Não me importo de esperar quando arruma o armário e doa metade das roupas. Não me importo em esperar que encontre a roupa que já deu na semana passada. Não me importo de esperar que o filme acabe para namorar. Não me importo de esperar que devolva as cobertas que rouba para seu lado de noite. Não me importo de esperar você consultar suas mensagens antes de sair. Não me importo de esperar sua irritação em dias de chuva. Não me importo de esperar você nunca me retornar ligações depois das reuniões. Não me importo de esperar que se acorde no domingo, com receio de que fique nublada. Não me importo de esperar que o ciúme desapareça e volte a me ver como se eu fosse somente seu. Não me importo de esperar sua TPM. Não me importo de esperar o melhor momento para viajar. Não me importo de esperar o tempo que precisa para descobrir que me ama. Ou o tempo que precisa para descobrir que não me ama. Não me importo de esperar que venha de repente nossa música no rádio. Não me importo de esperar as revelações de fotografias de sua máquina antiga. Não me importo de esperar o embrulho de um presente. Não me importo de esperar suas discussões de fim de noite. Não me importo de esperar seu beijo de café cortado. Não me importo de esperar sua ressaca depois da dança.




O que desejo dizer é que não precisa se apressar. Nunca chegará atrasada porque sempre estarei a esperando
Respirou fundo. Morangos, mangas maduras, monóxido de carbono, pólen, jasmins nas varandas dos subúrbios. O vento jogou seus cabelos ruivos sobre a cara. Sacudiu a cabeça para afastá-los e saiu andando lenta em busca de uma rua sem carros, de uma rua com árvores, uma rua em silêncio onde pudesse caminhar devagar e sozinha até em casa. Sem pensar em nada, sem nenhuma amargura, nenhuma vaga saudade, rejeição, rancor ou melancolia. Nada por dentro e por fora além daquele quase-novembro, daquele sábado, daquele vento, daquele céu azul – daquela não-dor, afinal”
"Você vai me abandonar e eu nada posso fazer para impedir. Você é meu único laço, cordão umbilical, ponte entre o aqui de dentro e o lá de fora. Te vejo perdendo-se todos os dias entre essas coisas vivas onde não estou. Tenho medo de, dia após dia, cada vez mais não estar no que você vê. E tanto tempo terá passado, depois, que tudo se tornará cotidiano e a minha ausência não terá nenhuma importância. Serei apenas memória, alívio, enquanto agora sou uma planta carnívora exigindo a cada dia uma gota de sangue seu para manter-se viva. Você rasga devagar o seu pulso com as unhas para que eu possa beber. Mas um dia será demasiado esforço, excessiva dor, e você esquecerá como se esquece um compromisso sem muita importância. Uma fruta mordida apodrecendo em silêncio no quarto."
                                                                                       


"Sou composta por urgências: minhas alegrias são intensas; minhas tristezas, absolutas. Me entupo de ausências, me esvazio de excessos. Eu não caibo no estreito, eu só vivo nos extremos"


'Ao perder a ti,tu e eu perdemos.


Eu porque tu eras a que eu mais amava,e tu porque eu era o que te amava mais.Contudo,de nós dois,tu perdeste mais do que eu.

Porque eu poderia amar outras como amava a ti,mais a ti não te amarão como te amei'
”E eu tenho vontade de segurar seu rosto e ordenar que você seja esperto e jamais me perca e seja feliz. E que entenda que temos tudo o que duas pessoas precisam para ser feliz: A gente dá muitas risadas juntos. A gente admira o outro desde o dedinho do pé até onde cada um chegou sozinho. A gente acha que o mundo está maluco e sonha com sonos jamais despertados antes do meio-dia. A gente tem certeza de que nenhum perfume do mundo é melhor do que a nuca do outro no final do dia. A gente se reconheceu de longa data quando se viu pela primeira vez na vida."

quarta-feira, 28 de abril de 2010

É melhor eu ficar só do que viver com você essa relação injusta se não é por merecer por que eu fico sempre assim? insisto tanto em te querer? já não dá mais pra ser assim eu preciso de qualquer
outra realidade em mim aliás, lá em casa tem sido bem melhor sem você...Volte!

(Sua Mãe)
'Eis que depois de uma noite de quem sou eu,de acordar uma hora da madrugada em desespero,eis que as três horas da madrugada eu acordei e me encontrei,eu fui ao encontro de mim calmo,alegre plenitude sem fuminação . Simplesmente isso eu sou eu,você é você é lindo,é basto.Vai durar,eu não sei ao certo o que eu vou fazer em seguida mais por enquanto olha pra mim e me ama.Não,tu olhas pra ti e te amas é o que esta certo.'
confesso...
que estive muito tempo do lado de dentro, segurando a porta com todas as minhas forças para que esse dragão não entre, mas ele insistiu em invadir todos os meus espaços... e nesses dias chuvosos a distância tem me dilacerado. confesso que nunca pensei que fosse tão dificil ter um dragão em casa. não sei ao certo até quando terei forças... confesso que tenho andado um tanto indiferente com tudo, todos e até comigo. confesso que não sei o que fazer... está faltando alguma coisa em mim. perdi aquela garota apaixonada, ando fria e autosuficiente. confesso que eu não sei mais quem eu sou e me confundo caleidoscopicamente... estou com um certo medo... encontrei uma pessoa incrível, pela qual tenho profunda admiração e gosto muito, não sei se é amor. mas desejo tê-lo sempre ao meu lado. e confesso que tudo o que eu tenho feito é não acreditar por já ter acreditado demais'



'eu confesso que Deus ouve todo dia seu nome.'

segunda-feira, 26 de abril de 2010

"Chorar por tudo que se perdeu, por tudo que apenas ameaçou e não chegou a ser, pelo que perdi de mim,
pelo amanhã que não existe, pelo muito que amei, pelo que tentei ser correto e não fui.
Meu coração sangra com uma dor que não consigo comunicar a ninguém, recuso todos os toques e desperdiço todas tentativas de aproximação. Tenho vergonha de gritar que esta dor é só minha, como um cão com seu osso.’’
"...uma vez eu disse que a nossa diferença fundamental é que você era capaz apenas de viver
as superfícies, enquanto eu era capaz de ir ao mais fundo, você riu porque eu dizia que não era cantando desvairadamente até ficar rouca que você ia conseguir saber alguma coisa a respeito de si própria, mas sabe, você tinha razão em rir daquele jeito porque eu também não tinha me dado conta de que enquanto ia dizendo aquelas coisas eu também cantava desvairadamente até ficar rouco, o que eu quero dizer é que nós dois cantamos desvairadamente até agora sem nos darmos conta, é por isso que estou tão rouco assim, não, não é dessa coisa de garganta que falo, é de uma outra de dentro, entende?"
O amor é o ridículo da vida
"Não adianta desperdiçar
sofrimento por quem não merece.
É como escrever poesias no
papel higiênico e limpar o cu com
os sentimentos mais nobres..."




'Eu tenho que arranjar algum conforto pra viver. Paixão é bom, eu sei...já tive mais de mil. Mais de mil vezes eu vi que era engano, que era por mim que eu estava chorando e tanto tempo eu tento que me sirva de consolo. Eu quero amar alguém, sem delirar de novo. Se Deus existe mesmo e o amor é seu agente, então ele só pode fazer bem pra gente.'

sábado, 24 de abril de 2010

Ah, o amor!

Sentimento pleno que nos deixa confuso, felizes, cegos e caseiros.
'Ela também teve seu coração machucado. Dilacerado, imagino. Normal. Desse mal, meu bem, ninguém escapa. Mas o bom disso tudo é que agora consigo abrir meu coração sem rodeios. Sim, amei sem limites. Dei meu coração de bandeja. Sim, sonhei com casinhas, jardins e filhos lindos correndo atrás de mim. Mas tudo está bem agora, eu digo: agora. Houve uma mudança de planos e eu me sinto incrivelmente leve e feliz. Descobri tantas coisas. Tantas, Tantas. Existe tanta coisa mais importante nessa vida que sofrer por amor. Que viver um amor. Tantos amigos. Tantos lugares. Tantas frases e livros e sentidos. Tantas pessoas novas. Indo. Vindo. Tenho só um mundo pela frente. E olhe pra ele. Olhe o mundo! É tão pequeno diante de tudo o que sinto. Sofrer dói. Dói e não é pouco. Mas faz um bem danado depois que passa. Descobri, ou melhor, aceitei: eu nunca vou esquecer o amor da minha vida. Nunca. Mas agora, com sua licença. Não dá mais para ocupar o mesmo espaço. Meu tempo não se mede em relógios. E a vida lá fora, me chama!
Não se pode agir assim, a amiga avisou no telefone. Uma pessoa não é um doce que você enjoa, empurra o prato, não quero mais
me ensina a amar de novo? a querer você ao invés da minha solidão... a me divertir, a confiar... me ensina a ser de alguém a gostar e a querer de verdade.

(D.S)
Ser feliz da medo, frio na barriga e até dor de cabeça. Eu acho que carrego comigo esse medo de ser feliz (a dois) e de acordar e sentir uma louca vontade de ser o que eu não fui, de reinventar um novo caminho com transformações excessivas e risos incontestáveis.
não sou amarga, não entenda mal, mas quando você leva tantos socos da vida você fica com receio de amor de confiar. Sempre acho que a pessoa ao meu lado nunca fala o que realmente sente, eu não falo. Quero muito ainda amar como amei sem minhas limitações que sempre parece andar abraçada comigo, limitações essas que se confundem com liberdade sendo tão cômodo e constante

o que é uma pena!
(D.S)
Ando tão acostumada com a solidão que acho que da próxima vez que me sentir de outra pessoa vou sentir estranha desacompanhada da minha velha companheira vou replicar e até mesmo desistir.





E incrível como a gente se acostuma até com o menos óbvio da vida.
(D.S)
'Não diga que sou muito bom pra você. Eu sou, mas não diga.'

quarta-feira, 24 de março de 2010

Quero sumir por 5 minutos e esquecer o quanto esse vazio me dói o quanto a vontade dilacerada de ti me consome e vai consumindo... Procuro você em todos os rostos de estranhos que passam por mim, procuro cada qualidade, cada traço do rosto, procuro o som da sua música. Mas não me preenche, não há romance e nem vontade de tê-lo outra vez.




loucura, talvez.
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Sempre desprezei as coisas mornas, as coisas que não provocam ódio nem paixão, as coisas definidas como mais ou menos, um filme mais ou menos ,um livro mais ou menos.

Tudo perda de tempo.
Viver tem que ser perturbador, é preciso que nossos anjos e demônios sejam despertados, e com eles sua raiva, seu orgulho, seu asco, sua adoraçao ou seu desprezo.
O que não faz você mover um músculo, o que não faz você estremecer, suar, desatinar, não merece fazer parte da sua biografia.

Perguntas

Quantas vezes você andava na rua e sentiu um perfume e lembrou de alguém que gosta muito?

Quantas vezes você olhou para uma paisagem em uma foto, e não se imaginou lá com alguém...
Quantas vezes você estava do lado de alguém, e sua cabeça não estava ali?
Alguma vez você já se arrependeu de algo que falou dois segundos depois de ter falado?
Você deve ter visto que aquele filme, que vocês dois viram juntos no cinema, vai passar na TV...
E você gelou porque o bom daquele momento já passou...
E aquela música que você não gosta de ouvir porque lembra algo ou alguém que você quer esquecer mas não consegue?
Não teve aquele dia em que tudo deu errado, mas que no finzinho aconteceu algo maravilhoso?
E aquele dia em que tudo deu certo, exceto pelo final que estragou tudo?
Você já chorou por que lembrou de alguém que amava e não pôde dizer isso para essa pessoa?
Você já reencontrou um grande amor do passado e viu que ele mudou?
Para essas perguntas existem muitas respostas...
Mas o importante sobre elas não é a resposta em si...
Mas sim o sentimento...
Todos nós amamos, erramos ou julgamos mal...
Todos nós já fizemos uma coisa quando o coração mandava fazer outra...
Então, qual a moral disso tudo?
Nem tudo sai como planejamos portanto, uma coisa é certa...
Não continue pensando em suas fraquezas e erros, faça tudo que puder para ser feliz hoje!
Não deite com mágoas no coração.
Não durma sem ao menos fazer uma pessoa feliz!
E comece com você mesmo!!!
"Nenhuma pessoa é lugar de repouso"

A IMPONTUALIDADE DO AMOR

Você está sozinho. Você e a torcida do Flamengo. Em frente a tevê, devora dois pacotes de Doritos enquanto espera o telefone tocar. Bem que podia ser hoje, bem que podia ser agora, um amor novinho em folha.
Trimmm! É sua mãe, quem mais poderia ser? Amor nenhum faz chamadas por telepatia. Amor não atende com hora marcada. Ele pode chegar antes do esperado e encontrar você numa fase galinha, sem disposição para relacionamentos sérios. Ele passa batido e você nem aí. Ou pode chegar tarde demais e encontrar você desiludido da vida, desconfiado, cheio de olheiras. O amor dá meia-volta, volver. Por que o amor nunca chega na hora certa?
Agora, por exemplo, que você está de banho tomado e camisa jeans. Agora que você está empregado, lavou o carro e está com grana para um cinema. Agora que você pintou o apartamento, ganhou um porta-retrato e começou a gostar de jazz. Agora que você está com o coração às moscas e morrendo de frio.
O amor aparece quando menos se espera e de onde menos se imagina. Você passa uma festa inteira hipnotizado por alguém que nem lhe enxerga, e mal repara em outro alguém que só tem olhos pra você. Ou então fica arrasado porque não foi pra praia no final de semana. Toda a sua turma está lá, azarando-se uns aos outros. Sentindo-se um ET perdido na cidade grande, você busca refúgio numa locadora de vídeo, sem prever que ali mesmo, na locadora, irá encontrar a pessoa que dará sentido a sua vida. O amor é que nem tesourinha de unhas, nunca está onde a gente pensa.
O jeito é direcionar o radar para norte, sul, leste e oeste. Seu amor pode estar no corredor de um supermercado, pode estar impaciente na fila de um banco, pode estar pechinchando numa livraria, pode estar cantarolando sozinho dentro de um carro. Pode estar aqui mesmo, no computador, dando o maior mole. O amor está em todos os lugares, você que não procura direito.
A primeira lição está dada: o amor é onipresente. Agora a segunda: mas é imprevisível. Jamais espere ouvir "eu te amo" num jantar à luz de velas, no dia dos namorados. Ou receber flores logo após a primeira transa. O amor odeia clichês. Você vai ouvir "eu te amo" numa terça-feira, às quatro da tarde, depois de uma discussão, e as flores vão chegar no dia que você tirar carteira de motorista, depois de aprovado no teste de baliza. Idealizar é sofrer. Amar é surpreender.
Sumi porque só faço besteira em sua presença, fico mudo
quando deveria verbalizar, digo um absurdo atrás do outro quando
melhor seria silenciar, faço brincadeiras de mau gosto e sofro
antes, durante e depois de te encontrar.
Sumi porque não há futuro e isso não é o mais difícil de
lidar, pior é não ter presente e o passado ser mais fluido que o ar.
Sumi porque não há o que se possa resgatar, meu sumiço é
covarde mas atento, meio fajuto meio autêntico, sumi porque
sumir é um jogo de paciência, ausentar-se é risco e sapiência,
pareço desinteressado, mas sumi para estar para sempre do seu
lado, a saudade fará mais por nós dois que nosso amor e sua
desajeitada e irrefletida permanência

domingo, 14 de março de 2010

Não, meu bem, não adianta bancar o distante: lá vem o amor nos dilacerar de novo...
porque já não temos mais idade para, dramaticamente, usarmos palavras grandiloqüentes como "sempre" ou "nunca".
ninguém sabe como, mas aos poucos fomos aprendendo sobre a continuidade da vida, das pessoas e das coisas
Nos últimos dias, isto é, ontem, a tristeza começou a ceder terreno a uma espécie de - digamos - abnegação.Durmo, acordo, faço coisas, leio muito. E esse vazio que ninguém dá jeito? Você guarda no bolso, olha o céu, suspira, vai a um cinema, essas coisas. E tudo, e tudo, e tudo.
Desligue a música, agora. Seja qual for, desligue. Contemple o momento presente dentro do silêncio mais absoluto. Mesmo fechando todas as janelas, eu sei, é difícil evitar esses ruídos vindos da rua. Os alarmes de automóveis que disparam de repente, as motos com seus escapamentos abertos, algum avião no céu, ou esses rumores desconhecidos que acontecem às vezes dentro das paredes dos apartamentos, principalmente onde habitam as pessoas solitárias. Mas não sinta solidão, não sinta nada: você só tem olhos que olham o momento presente, esteja ele — ou você — onde estiver. E não dói, não há nada que provoque dor nesse olhar.

sexta-feira, 12 de março de 2010

'Capítulo um: nunca atenda antes de deixar tocar pelo menos três vezes, para não demonstrar ansiedade. Que ninguém possa supor jamais que você vive plantado ao lado de um maldito telefone. Principalmente à noite e durante os fins de semana, claro.'
'O amor jamais foi um sonho, o amor, eu bem sei, já provei, é um veneno medonho.
É por isso que se há de entender que o amor não é ócio, e compreender que o amor não é um vício, o amor é sacrifício, o amor é sacerdócio.'
"Sinto uma falta absurda de você. Ficou um vazio que ninguém (pre)enche. e penso e repenso e trepenso em você aí. (...) Tá tudo bem assim. Só que me rouba o sentido - entende? - ou a ilusão de sentido que quero ter de vida, e que é essencial para a minha sobrevivência. (...) Me sinto o camelo do poema de Cecília Meireles, mastigando sua imensa solidão".

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

"Eu gosto de carinho violento. De falar. De estar certa. De quem entende o que eu digo. De quem escuta o que eu penso. Da minha prole. Dos meus discos. Dos meus livros. Dos meus cachorros. Dos Stones. Do Rock Natural. Da minha solidãozinha. Dos meus blues. Do meu sofá vermelho. Da minha casa. Do meu umbigo. De unhas cor de carmim. De homem que sabe ser homem. De noites em claro e dias em branco. De chuva e de sol. Eu guardo as minhas rejeições em vidrinhos rotulados com o nome deles. Eu sou mole demais por dentro pra deixar todo mundo ver. Eu deixo pra quem eu acho que pode comigo. Ninguém sabe. Mas eu tenho coração de moça."








Fernanda Young
"Se o outro for bom para você. Se te der vontade de viver. Se o cheiro do suor do outro também for bom. Se todos os cheiros do corpo do outro forem bons. O pé, no fim do dia. A boca, de manhã cedo. Bons, normais, comuns. Coisa de gente. Cheiros íntimos, secretos. Ninguém mais saberia deles se não enfiasse o nariz lá dentro, a língua lá dentro, bem dentro, no fundo das carnes, no meio dos cheiros. E se tudo isso que você acha nojento for exatamente o que chamam de amor?"

Caio Fernando
"E se você vem, fica tudo maior, mais amplo...Sei lá...Mas é como se eu existisse dum jeito mais completo..."


Caio Fernando

Que seja Doce !

“Então, que seja doce. Repito todas as manhãs, ao abrir as janelas para deixar entrar o sol ou o cinza dos dias, bem assim: que seja doce. Quando há sol, e esse sol bate na minha cara amassada do sono ou da insônia, contemplando as partículas de poeira soltas no ar, feito um pequeno universo, repito sete vezes para dar sorte: que seja doce, que seja doce, que seja doce, e assim por diante. Mas, se alguém me perguntasse o que deverá ser doce, talvez não saiba responder. Tudo é tão vago como se não fosse nada.”

Caio Fernando
"Sobretudo, não se angustie procurando-o: ele vem até você, quando você e ele estiverem prontos."

Caio Fernando
"Eu vou embora sozinha. Eu tenho um sonho, eu tenho um destino, e se bater o carro e arrebentar a cara toda saindo daqui. continua tudo certo. Fora da roda, montada na minha loucura. Dá minha jaqueta, boy, que faz um puta frio lá fora e quando chega essa hora da noite eu me desencanto. Viro outra vez aquilo que sou todo dia, fechada sozinha perdida no meu quarto, longe da roda e de tudo: uma criança assustada."

Caio Fernando
"Se hoje o sol sair, eu te prometo o céu..."

Caio Fernando
''E eu não sei explicar. Acho que é uma questão de amor."

Caio Fernando.
"Quando fecho os olhos, é você quem eu vejo; aos lados, em cima, embaixo, por fora e por dentro de mim. Dilacerando felicidades de mentira, desconstruindo tudo o que planejei, abrindo todas as janelas para um mundo deserto. É você quem sorri, morde o lábio, fala grosso, conta histórias, me tira do sério, faz ares de palhaço, pinta segredos, ilumina o corredor por onde passo todos os dias."

Caio Fernando
"Fiquei tão só, aos poucos. Fui afastando essas gentes assim menores, e não ficaram muitas outras. Às vezes, nos fins de semana principalmente, tiro o fone do gancho e escuto, para ver se não foi cortado. Não foi."


Caio Fernando

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Tô tão só, Zézim. Tão eu-eu-comigo, porque o meu eu com a família é meio de raspão.
até o príncipe que um dia não veio mais. Não, não foi um dia que ele não veio mais, foram muitos dias, em muitos dias ele não veio mais.
Encosto a cabeça no banco, apanho um cigarro e trago longamente. Eis depois que solto a fumaça de um jeito que não sei se é sopro ou suspiro.
Ai, a necessidade que tinha de doer em alguém, como se já estivesse exausta de tanto ser grande e boa.
Quando se curvava assim, o cabelo caindo no rosto, assumia um ar humilde de coisa grande que se curva.
Ela era toda grande, de mãos e pés e olhos, mas um grande que não se impunha, não feria. Um grande que pousava como quem já vai embora.
O espelho refletia um rosto amassado de pessoa em estado de desordem interna e externa.
Dezoito anos e um metro e oitenta de solidão


Não quero sugar todo seu leite
Nem quero você enfeite do meu ser
Apenas te peço que respeite
O meu louco querer
Não importa com quem você se deite
Que você se deleite seja com quem for
Apenas te peço que aceite
O meu estranho amor
Ah! Mainha deixa o ciúme chegar
Deixa o ciúme passar e sigamos juntos
Ah! Neguinha deixa eu gostar de você
Prá lá do meu coração não me diga
Nunca não
Teu corpo combina com meu jeito
Nós dois fomos feitos muito pra nos dois
Não valem dramáticos efeitos
Mas o que está depois
Não vamos fuçar nossos defeitos
Cravar sobre o peito as unhas do rancor
Lutemos mas só pelo direito
Ao nosso estranho amor

Um dia ainda terei os olhos de Capitu...


Olhos de ressaca oblíqua e dissimulada que Machado de Assis tanto descreve em Dom. Quero aquele ar de menina e um romance capaz de abdicar de tudo. Quero juramento no poço e aquele beijo tão esperado por mim em todas aquelas páginas. Parecia que eu estava dentro do romance sendo tomada por todas aquelas sensações de amor, dúvida e espera.



(D.S)
Meu coração é um sapo rajado, viscoso e cansado, à espera do beijo prometido capaz de transformá-lo em príncipe.

Meu coração é um álbum de retratos tão antigos que suas faces mal se adivinham. Roídas de traça, amareladas de tempo, faces desfeitas, imóveis, cristalizadas em poses rígidas para o fotógrafo invisível. Este apertava os olhos quando sorria. Aquela tinha um jeito peculiar de inclinar a cabeça. Eu viro as folhas, o pó resta nos dedos, o vento sopra.

Meu coração é um mendigo mais faminto da rua mais miserável.Meu coração é um ideograma desenhado a tinta lavável em papel de seda onde caiu uma gota d’água. Olhado assim, de cima, pode ser Wu Wang, a Inocência. Mas tão manchado que talvez seja Ming I, o Obscurecimento da Luz. Ou qualquer um, ou qualquer outro: indecifrável.

Meu coração não tem forma, apenas som. Um noturno de Chopin (será o número 5?) em que Jim Morrison colocou uma letra falando em morte, desejo e desamparo, gravado por uma banda punk. Couro negro, prego e piano.

Meu coração é um bordel gótico em cujos quartos prostituem-se ninfetas decaídas, cafetões sensuais, deusas lésbicas, anões tarados, michês baratos, centauros gays e virgens loucas de todos os sexos.

Meu coração é um traço seco. Vertical, pós-moderno, coloridíssimo de neon, gravado em fundo preto. Puro artifício, definitivo.

Meu coração é um entardecer de verão, numa cidadezinha à beira-mar. A brisa sopra, saiu a primeira estrela. Há moças na janela, rapazes pela praça, tules violetas sobre os montes onde o sol se p6os. A lua cheia brotou do mar. Os apaixonados suspiram. E se apaixonam ainda mais.

Meu coração é um anjo de pedra de asa quebrada.

Meu coração é um bar de uma única mesa, debruçado sobre a qual um único bêbado bebe um único copo de bourbon, contemplado por um único garçom. Ao fundo, Tom Waits geme um único verso arranhado. Rouco, louco.Meu coração é um sorvete colorido de todas as cores, é saboroso de todos os sabores. Quem dele provar, será feliz para sempre.

Meu coração é uma sala inglesa com paredes cobertas por papel de florzinhas miúdas. Lareira acesa, poltronas fundas, macias, quadros com gramados verdes e casas pacíficas cobertas de hera. Sobre a renda branca da toalha de mesa, o chá repousa em porcelana da China. No livro aberto ao lado, alguém sublinhou um verso de Sylvia Plath: "Im too pure for you or anyone". Não há ninguém nessa sala de janelas fechadas.

Meu coração é um filme noir projetado num cinema de quinta categoria. A platéia joga pipoca na tela e vaia a história cheia de clichês.

Meu coração é um deserto nuclear varrido por ventos radiativos.

Meu coração é um cálice de cristal puríssimo transbordante de licor de strega. Flambado, dourado. Pode-se ter visões, anunciações, pressentimentos, ver rostos e paisagens dançando nessa chama azul de ouro.

Meu coração é o laboratório de um cientista louco varrido, criando sem parar Frankensteins monstruosos que sempre acabam destruindo tudo.

Meu coração é uma planta carnívora morta de fome. Meu coração é uma velha carpideira portuguesa, coberta de preto, cantando um fado lento e cheia de gemidos - ai de mim! ai, ai de mim!

Meu coração é um poço de mel, no centro de um jardim encantado, alimentando beija-flores que, depois de prová-lo, transformam-se magicamente em cavalos brancos alados que voam para longe, em direção à estrela Veja. Levam junto quem me ama, me levam junto também.Faquir involuntário, cascata de champanha, púrpura rosa do Cairo, sapato de sola furada, verso de Mário Quintana, vitrina vazia, navalha afiada, figo maduro, papel crepom, cão uivando pra lua, ruína, simulacro, varinha de incenso.

Acesa, aceso - vasto, vivo: meu coração é teu.

" E assim, aos poucos, ela se esquece dos socos, pontapés, golpes baixos que a vida lhe deu, lhe dará. A moça - que não era Capitu, mas também tem olhos de ressaca - levanta e segue em frente. Não por ser forte, e sim pelo contrário...por saber que é fraca o bastante para não conseguir ter ódio no seu coração, na sua alma, na sua essência.


E ama, sabendo que vai chorar muitas vezes ainda. Afinal, foi chorando que ela, você e todos os outros, vieram ao mundo."

'Agora nós vamos viver juntos e ser felizes para sempre. Vamos ter girassóis no terraço, passarinhos na varanda, almofadas macias, vinhos e queijos todas as noites.'
"Abrindo um antigo caderno foi que eu descobri:

Antigamente eu era eterno."

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010




Ah, se já perdemos a noção da hora

Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir



Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir


Se nós, nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir


Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu


Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu


Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios inda estão nas minhas mãos

Me explica com que cara eu vou sair
Não, acho que estás se fazendo de tonta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir.

Eu te amo- Chico Buarque e Tom Jobim



"Sou dramática, intensa, transitória e tenho uma alegria em mim que quase me deixa exausta. Eu sei sorrir com os olhos e gargalhar com o corpo todo. Eu sei chorar toda encolhida abraçando as pernas. Por isso, não me venha com meios-termos, com mais ou menos ou qualquer coisa. Venha a mim com corpo, alma, vísceras, e falta de ar."




Clarice Lispector






;D
"Não sou para todos. Gosto muito do meu mundinho. Ele é cheio de surpresas, palavras soltas e cores misturadas. Às vezes tem um céu azul, outras tempestades. Lá dentro cabem sonhos de todos os tamanhos. Mas não cabe muita gente. Todas as pessoas que estão dentro dele não estão por acaso. São necessárias."






- Caio Fernando Abreu
"(...) rasguei meu coração e agora preciso costurá-lo. E calado agora, nada tenho para falar. O tempo ainda não chegou. Porém quando vier, espero que seja tempo de amar e não de odiar. Porque em guerra está o meu coração. Não me importo, pois creio em Deus que ainda vou trilhar o caminho da paz."

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

"Preciso dessa emoção que os antigos chamavam de amor, quando sexo não era morte e as pessoas não tinham medo disso que fazia a gente dissolver o próprio ego no ego do outro e misturar coxas e espíritos no fundo do outro-você, outro-espelho, outro-igual-sedento-de-não-solidão, bicho-carente, tigre e lótus. Preciso de você que eu tanto amo e nunca encontrei."




[In.: Ao som de Suzane Vega - O Estado de S. Paulo, Caderno 2, 29/07/87.]
Eu acredito é em suspiros,mãos massageando o peito
ofegante de saudades intermináveis,em alegrias explosivas,
em olhares faiscantes, em sorrisos com os olhos,em abraços
que trazem pra vida da gente.
Acredito em coisas sinceramente compartilhadas.
Em gente que fala tocando no outro de alguma forma,
no toque mesmo, na voz ou no conteúdo.
Eu acredito em profundidades.
E tenho medo de altura,mas não evito meus abismos:
são eles que me dão a dimensão do que sou...
(...) Ela deixou que a mão dele descesse até abaixo da cintura dela.
E numa batida mais forte da percussão,
num rodopio, girando juntos, ela pediu:
- Deixa eu cuidar de você.
Ele disse:
- Deixo. (...)

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

"Assim: deixa a vida te lavar a alma, antes, então a gente conversa. Deixa você passar dos trinta, trinta e cinco, ir chegando nos quarentae não casar e nem ter esses monstros que eles chamam de filhos,casa própria nem porra nenhuma. Acordar no meio da tarde, de ressaca, olhar sua cara arrebentada no espelho. Sozinho em casa, sozinho na cidade, sozinho no mundo. Vai doer tanto, menino. Ai como eu queria tanto agora ter uma alma portuguesa para te aconchegar ao meu seio e te poupar essas futuras dores dilaceradas.Como queria tanto saber poder te avisar: vai pelo caminho da esquerda, boy,que pelo da direita tem lobo mau e solidão medonha."
"Não roube os meu desejos mais secretos.

Deixe-os guardados e calmos no canto que os escondi.
Deixe os meus suspiros e arrependimentos em tranqüilidade aparente.
Não é a hora exata? Não somos exatos!
A exatidão me aborrece. A compreensão me deprime.
Sua solidão me enlouquece."
"...você me provoca,você me pertuba.

Joga água e sai correndo.
Atira a pedra e me acerta de raspão.
Me espia no escuro e mostra a língua.
Me xinga.Me atiça. Invade o meu sossego. Meu refúgio.
Pisa no meu ninho com os sapatos sujos. Na minha toca.
Sem saber o meu tamanho, até onde vai meu bote, você me provoca achando que não há perigo. Sem conhecer a força da minha mordida,o tamanho dos caninos.
Você me provoca sem esperar a picada.
Sem saber que ainda não inventaram antídoto pro meu tipo de veneno..."
Eu não sou fácil, não me vendo, não aceito migalhas, não gosto de metades. Sou um império do bem e do mal. Sou erótica, sou neurótica.
Sou boa, sou má.
Sou biscoito de polvilho, açúcar, sal, mousse de maracujá.
Só não sou um brinquedinho que alguém joga no canto do quarto
quando não quer mais brincar. Sou um pacote, uma mala.
Sou difícil de carregar.

"Estou me transformando aos poucos num ser humano meio viciado em solidão. E que só sabe escrever. Não sei mais falar, abraçar, dar beijos, dizer coisas aparentemente simples como "eu gosto de você". Gosto de mim. Acho que é o destino dos escritores. E tenho pensado que, mais do que qualquer outra coisa, sou um escritor. Uma pessoa que escreve sobre a vida – como quem olha de uma janela – mas não consegue vivê-la.


Amo vocês como quem escreve para uma ficção: sem conseguir dizer nem mostrar isso. O que sobra é o áspero do gesto, a secura da palavra. Por trás disso, há muito amor. Amor louco – todas as pessoas são loucas, inclusive nós; amor encabulado – nós, da fronteira com a Argentina, somos especialmente encabulados. Mas amor de verdade. Perdoem o silêncio, o sono, a rispidez, a solidão. Está ficando tarde, e eu tenho medo de ter desaprendido o jeito. É muito difícil ficar adulto."




Amo vocês, seu filho,

Caio



“São Paulo, 12 de agosto de 1987”
"Eu sei como é se sentir extremamente pequena e insignificante e como isso doi em lugares que você nem sabia que tinha em você. E não importa quantos cortes de cabelo você faça, quantas vezes vá a academia ou quantas garrafas você toma com suas amigas, você continua indo pra cama todas as noites… repassando todos os detalhes e se perguntando o que fez de errado ou como pôde ter entendido errado.. ou como por aquele momento pensou que era feliz."




Filme: O Amor não tira férias

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Hoje eu acordei sem ter quem amar, mas aí eu olhei no espelho e vi, pela primeira vez na vida, a única pessoa que pode realmente me fazer feliz.
"Mas a verdade é que ainda não quero me prender a nada, a nenhum lugar, a ninguém..."
Moro no segundo andar,mas nunca encontrei você na escada.



Preciso de alguém, e é tão urgente o que digo. Perdoem excessivas, obscenas carências, pieguices, subjetivismos, mas preciso tanto e tanto. Perdoem a bandeira desfraldada, mas é assim que as coisas são-estão dentro-fora de mim: secas. Tão só nesta hora tardia - eu, patético detrito pós-moderno com resquícios de Werther e farrapos de versos de Jim Morrison, Abaporu heavy-metal -, só sei falar dessas ausências que ressecam as palmas das mãos de carícias não dadas.


Preciso de alguém que tenha ouvidos para ouvir, porque são tantas histórias a contar. Que tenha boca para, porque são tantas histórias para ouvir, meu amor. E um grande silêncio desnecessário de palavras. Para ficar ao lado, cúmplice, dividindo o astral, o ritmo, a over, a libido, a percepção da terra, do ar, do fogo, da água, nesta saudável vontade insana de viver. Preciso de alguém que eu possa estender a mão devagar sobre a mesa para tocar a mão quente do outro lado e sentir uma resposta como - eu estou aqui, eu te toco também. Sou o bicho humano que habita a concha ao lado da conha que você habita, e da qual te salvo, meu amor, apenas porque te estendo a minha mão. (...)

Tenho urgência de ti, meu amor. Para me salvar da lama movediça de mim mesmo. Para me tocar, para me tocar e no toque me salvar. Preciso ter certeza que inventar nosso encontro sempre foi pura intuição, não mera loucura. Ah, imenso amor desconhecido. Para não morrer de sede, preciso de você agora, antes destas palavras todas cairem no abismo dos jornais não lidos ou jogados sem piedade no lixo. Do sonho, do engano, da possível treva e também da luz, do jogo, do embuste: preciso de você para dizer eu te amo outra e outra vez. Como se fosse possível, como se fosse verdade, como se fosse ontem e amanhã.


(Crônica publicada no “Estadão” Caderno 2 de 29/07/87)
"me concentro inteiro nas coisas que me contas, e assim calado, e assim submisso, te mastigo dentro de mim enquanto me apunhalas com lenta delicadeza deixando claro em cada promessa que jamais será cumprida, que nada devo esperar além dessa máscara colorida, que me queres assim porque é assim que és e unicamente assim é que me queres e me utilizas todos os dias, e nos usamos honestamente assim, eu digerindo faminto o que o teu corpo rejeita, bebendo teu mágico veneno porco que me ilumina e anoitece a cada dia, e passo a passo afundo nesse charco que não sei se é o grande conhecimento de nós ou o imenso engano de ti e de mim ( .... ) essas histórias tristes, essas histórias loucas como esta que acabaria aqui, agora, assim, se outra vez não viesses e me cegasses e me afogasses nesse mar aberto que nós sabemos que não acaba nem assim nem agora nem aqui."
“Não queria, desde o começo eu não quis. Desde que senti que ia cair e me quebrar inteiro na queda para depois restar incompleto, destruído talvez, as mãos desertas, o corpo lasso. Fugi. Eu não buscaria porque conhecia a queda, porque já caíra muitas vezes, e em cada vez restara mais morto, mais indefinido -e seria preciso reestruturar verdades, seria preciso ir construindo tudo aos poucos, eu temia que meus instrumentos se revelassem precários, e que nada eu pudesse fazer além de ceder. Mas no meio da fuga, você aconteceu. Foi você, não eu, quem buscou. Mas o dilaceramento foi só meu, como só meu foi o desespero. Que espécie de coisa o cigarro queimou, além dos cabelos? Sei que foi mais fundo, mais dentro, que nessa ignorada dimensão rompeu alguma coisa que estava em marcha. Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era seu."

In: O Inventário do Ir-Remediável.
"Penso, com mágoa, que o relacionamento da gente sempre foi unilateral..."
Andei amando loucamente, como há muito tempo não acontecia. De repente a coisa começou a desacontecer. Bebi, chorei, ouvi Maria Bethânia, fumei demais, tive insônia e excesso de sono, falta de apetite e apetite em excesso, vaguei pelas madrugadas, escrevi poemas. Agora está passando: um band-aid no coração, um sorriso nos lábios – e tudo bem. Ou: que se há de fazer
Somos inocentes em pensar, que sentimentos são coisas passíveis de serem controladas. Eles simplesmente vêm e vão, não batem na porta, não pedem

licença. Invadem, machucam, alegram (...)
"Não gosto quando a gente fica falando
assim no que não foi,
no que poderia ter sido.
God! Não aos sábados,
principalmente à noite.
Não hoje, por favor,
hoje não dá, eu tenho.
Eu tenho uma sensação meio de
amargura, de fracasso.
Você me entende?
Como se tivesse a obrigação de ter sido,
ou tentado ser outra pessoa."
fico quieto. Primeiro que paixão deve ser coisa discreta, calada, centrada. Se você começa a espalhar aos sete ventos, crau, dá errado. Isso porque ao contar a gente tem a tendência a, digamos, “embonitar” a coisa, e portanto distanciar-se dela, apaixonando-se mais pelo supor-se apaixonado do que pelo objeto da paixão propriamente dito. Sei que é complicado, mas contar falsifica, é isso que quero dizer.
Mas de tudo isso, me ficaram coisas tão boas. Uma lembrança boa de você, uma vontade de cuidar melhor de mim, de ser melhor para mim e para os outros. De não morrer, de não sufocar: de continuar sentindo encantamento por alguma outra pessoa que o futuro trará, porque sempre traz, e então não repetir nenhum comportamento. Ser novo.
-Você tem um cigarro?

-Estou tentando parar de fumar.
-Eu também. Mas queria uma coisa nas mãos agora.
-Você tem uma coisa nas mãos agora.
-Eu?
-Eu.
"sabe que o meu gostar por você chegou a ser amor
pois se eu me comovia vendo você pois se eu acordava
no meio da noite só pra ver você dormindo meu deus
como você me doía vezenquando eu vou ficar esperando
você numa tarde cinzenta de inverno bem no meio duma
praça então os meus braços não vão ser suficientes para
abraçar você e a minha voz vai querer dizer tanta coisa
que eu vou ficar calada um tempo enorme só olhando você
sem dizer nada só olhando olhando e pensando meu deus
ah meu deus como você me dói vezenquando"
Nos últimos dias, isto é, ontem, a tristeza começou a ceder terreno a uma espécie de - digamos - abnegação.Durmo, acordo, faço coisas, leio muito. E esse vazio que ninguém dá jeito? Você guarda no bolso, olha o céu, suspira, vai a um cinema, essas coisas. E tudo, e tudo, e tudo.

Caio F. de Abreu

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

"Afastarei você com o gesto mais duro que conseguir e direi duramente que seu amor não me toca nem me comove e que sua precisão de mim, não passa de fome..."



Caio F. Abreu
"Penso em você principalmente como a minha possibilidade de paz — a única que pintou até agora, “nesta minha vida de retinas fatigadas”. E te espero. E te curto todos os dias. E te gosto. Muito."






Caio F. Abreu
“Talvez tome mais um café, fume outro cigarro, qualquer coisa assim. Foi exatamente há um ano, na lua cheia de maio. Depois, nunca mais. Por onde você tem andado, baby?”



Caio F. Abreu
'...aí recebi tanto carinho que fui ficando até hoje'

Caio F. Abreu

sábado, 2 de janeiro de 2010


' Fui vivendo minha vida de maneira tão solitária, conquistando minhas coisas tão no braço, tão sempre sem nada, que aprendi a ter uma enorme admiração por mim mesmo.'






Caio F. Abreu
'Acho que estou me especializando em fazer inimizades. ... NÃO TENHO MAIS SACO PARA NINGUÉM. É grave? Tem cura? Um dia vou ter saco outra vez?







Caio F. de Abreu
É de mágica
Que eu dobro a vida em flor
Assim
E ao senhor de iludir
Manda avisar
Que esse daqui
Tem muito mais
Amor pra dar.






Marcelo Camelo
Eu quero um beijo de cinema americano
Fechar os olhos fugir do perigo
Matar bandido, prender ladrão
A minha vida vai virar novela
Eu quero amor, eu quero amar...

Los Hermanos
'...dizer a ele que voltariam as manhãs, ainda mais claras agora que estávamos juntos'


Caio F. Abreu
A inquietação que mais me afligi é essa não vontade de ninguém e de sentir que não preciso de alguém ao meu lado pra fazer feliz CARALHO!!! não preciso de ninguém! Eu preciso é de mim, de me fazer feliz. Não quero a preocupação de ligar no outro dia, de cuidar, amar. Não quero compromisso, relação estável, conhecer todos os amigos de infância, de cachaça, de trabalho, conhecer a família, mãe, pai, cachorro... Que saco, vamos ser mais práticos! Me deixa fugir quando quiser, me deixa desaparecer, e fuja também, deixa a saudade nos tomar, ai você volta pra que eu possa fugir de novo ou que eu perceba que a vontade de ficar e tentar é maior.
Faça com que seja necessária a sua presença ou desista logo.

(D.S)
' ...tento fugir para longe e a cada noite, como uma criança temendo pecados, punições de anjos vingadores com espadas flamejantes, prometo a mim mesmo nunca mais ouvir, nunca mais ter a ti tão mentirosamente próximo, e escapo brusco para que percebas que mal suporto a tua presença, veneno veneno ...'






Caio F. Abreu
"Nunca tinha sido tão intenso, nem tão bonito. Nunca tinha tido um jeito assim, tão forever."


 
Caio F. de Abreu
E dessa vez vou fazer diferente, vou colocar meu melhor jeans e ir ao seu encontro
sem receio, sem discurso pronto, simplesmente ao seu encontro, de cara lavada e um coração aflito batendo excessivamente por ti. Desesperado, Intacto, insano. Porque meu sentimento sempre foi o mesmo
e sinto que sempre será assim.
Amor? Paixão? Loucura? Dê o nome que quiser! minha vontade mesmo é estar ao seu lado, inteiramente.
Até que o pra sempre vire realidade.

(D.S)