quarta-feira, 30 de junho de 2010
Se quiser eu piro, e imagino ele de capa de gabardine, chapéu molhado, barba de dois dias, cigarro no canto da boca, bem noir. Mas isso é filme, ele não. Ele é de um jeito que ainda não sei, porque nem vi. Vai olhar direto para mim. Ele vai sentar na minha mesa, me olhar no olho, pegar na minha mão, encostar seu joelho quente na minha coxa fria e dizer: vem comigo.
terça-feira, 29 de junho de 2010
Algumas vezes eu fiz muito mal para pessoas que me amaram. Não é paranóia não. É verdade. Sou tão talvez neuroticamente individualista que, quando acontece de alguém parecer aos meus olhos uma ameaça a essa individualidade, fico imediatamente cheio de espinhos - e corto relacionamentos com a maior frieza, às vezes firo, sou agressivo e tal. É preciso acabar com esse medo de ser tocado lá no fundo. Ou é preciso que alguém me toque profundamente para acabar com isso.
segunda-feira, 21 de junho de 2010
Toda mulher feliz e equilibrada deixa saudades. Mas eu não queria. Eu só queria amar alguém, com toda a tristeza e desequilíbrio que vem junto com isso, e continuar deixando saudades.
Quando dizem que namoro ou casamento ou qualquer relacionamento mais sério não pode dar certo, eu discordo. O que definitivamente não dá certo, ao menos para mim, é se apaixonar. Agora, que graça tem fazer qualquer coisa da vida sem estar apaixonada? Ô vidinha filha da puta.
Quando dizem que namoro ou casamento ou qualquer relacionamento mais sério não pode dar certo, eu discordo. O que definitivamente não dá certo, ao menos para mim, é se apaixonar. Agora, que graça tem fazer qualquer coisa da vida sem estar apaixonada? Ô vidinha filha da puta.
não é afastando as pessoas que te amam - como eu, por exemplo - que você vai se sentir melhor. entenda que eu quero estar com você, do seu lado, sabendo o que acontece. de repente me passa pela cabeça que a minha presença ou a minha insistência pode talvez irritá-la. então, desculpa não insistirei mais. (...) eu queria dizer que eu estava com você, e a menos que você não me suporte mais, continuaria te procurando e querendo saber coisas. bobagens? pois é, se quiser ria como você costuma rir para se defender. não estou me defendendo de nada. estou perguntando a você se permite que eu tenha carinho por você. Mas estou aqui, continuo aqui não sei até quando, e quando e se você quiser, precisar dê um toque. te quero imensamente bem, fico pensando se dizendo assim, quem sabe, de repente você até acredita. acredite.
sábado, 19 de junho de 2010
baby vou te dar meu soneto de bilac
minha canção meu exílio
meu supercílio postiço
o meu ócio o meu vício
o meu santo crucifixo
baby vou te dar meu colar de madrepérola
o meu pé de acerola
rádio de pilha eletrola
carambola e mariola
roupa no varal calor
baby vou te ensinar
o meu passo de catira
minha moda de viola
baby vou te ofertar
roupa lavada comida
vida máscara de cera
minha canção meu exílio
meu supercílio postiço
o meu ócio o meu vício
o meu santo crucifixo
baby vou te dar meu colar de madrepérola
o meu pé de acerola
rádio de pilha eletrola
carambola e mariola
roupa no varal calor
baby vou te ensinar
o meu passo de catira
minha moda de viola
baby vou te ofertar
roupa lavada comida
vida máscara de cera
baby deixa eu ser o teu lamartine babo
o teu sabonete phebo
serás o vinho que bebo
meu baião xote xaxado
meu maxixe meu quiabo
baby vou te dar minha zoeira meu batuque
minha esmola meu smoking
meu buquê meu songbook
o meu look woodstock
meu rock lóki meu roll
baby deixa eu ser o teu woody guthrie
baby vem cantar ouve o meu grito
pedra pó granito tempestade no deserto
(praga de maldito ziquizira de madrasta)
o teu sabonete phebo
serás o vinho que bebo
meu baião xote xaxado
meu maxixe meu quiabo
baby vou te dar minha zoeira meu batuque
minha esmola meu smoking
meu buquê meu songbook
o meu look woodstock
meu rock lóki meu roll
baby deixa eu ser o teu woody guthrie
baby vem cantar ouve o meu grito
pedra pó granito tempestade no deserto
(praga de maldito ziquizira de madrasta)
Às vezes me espanto e me pergunto como pudemos a tal ponto mergulhar naquilo que estava acontecendo,sem a menor tentativa de resistência.Não porque aquilo fosse terrível, ou porque nos marcasse profundamente ou nos dilacerasse - e talvez tenha sido terrível,sim,é possível,talvez tenha nos marcado profundamente ou nos dilacerado - a verdade é que ainda hesito em dar um nome àquilo que ficou, depois de tudo.Porque alguma coisa ficou.
(Essa é pra nanda)
Mas não se pode agir assim,a amiga avisou no telefone. Uma pessoa não é um doce que você enjoa,empurra o prato,não quero mais.Tentaria, então,com toda a delicadeza possível,sem decidir propriamente decidiu no meio da tarde — uma tarde morna demais,preguiçosa demais para conter esse verbo veemente: decidir.Como ia dizendo,no meio da tarde lenta demais,escolheu que — se viesse alguma sofreguidão na garganta,e veio — diria qualquer coisa como olha,tenho medo do normal,baby.
Mas não se pode agir assim,a amiga avisou no telefone. Uma pessoa não é um doce que você enjoa,empurra o prato,não quero mais.Tentaria, então,com toda a delicadeza possível,sem decidir propriamente decidiu no meio da tarde — uma tarde morna demais,preguiçosa demais para conter esse verbo veemente: decidir.Como ia dizendo,no meio da tarde lenta demais,escolheu que — se viesse alguma sofreguidão na garganta,e veio — diria qualquer coisa como olha,tenho medo do normal,baby.
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